O sarcofago

Senhor da alta hermenêutica do Fado
Perlustro o atrium da Morte... É frio o ambiente
E a chuva corta inexoravelmente
O dorso de um sarcófago molhado!


Ah! Ninguém ouve o soluçante brado
De dor profunda, acérrima e latente.
Que o sarcófago, ereto e imóvel sente
Em sua própria sombra sepultado!


Dói-lhe (quem sabe?!) essa grandeza horrível
Que em toda a sua máscara se expande,
À humana comoção impondo-a, inteira...


Dói-lhe, em suma, perante o Incognoscível
Essa fatalidade de ser grande
Para guardar unicamente poeira!

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