Taca de Coral

Lícias, pastor — enquanto o sol recebe,

Mugindo, o manso armento e ao largo espraia.

Em sede abrasa, qual de amor por Febe,

— Sede também, sede maior, desmaia.

Mas aplacar-lhe vem piedosa Naia

A sede d'água: entre vinhedo e sebe
Corre uma linfa, e ele no seu de faia

De ao pé do Alfeu tarro escultado bebe.

Bebe, e a golpe e mais golpe: — 'Quer ventura

(Suspira e diz) que eu mate uma ânsia louca,

E outra fique a penar, zagala ingrata!


Outra que mais me aflige e me tortura,

E não em vaso assim, mas de uma boca

Na taça de coral é que se mata',


Rate this poem: 

Reviews

No reviews yet.