Canto IV Se o sacro ardor, que ferve no meu peito

Se o sacro ardor, que ferve no meu peito,
Não me deixa enganar, vereis que um dia
(Vivendo esse impostor) por seu respeito
Se encherá de Imboabas a Bahia,
Pagarão os Tupis o insano feito,
E vereis entre a bélica porfia
Tomar-lhe esses estranhos, já vizinhos,
Escravas as mulheres cos filhinhos.

XXXV

Vereis as nossas gentes desterradas
Entre os tigres viver no sertão fundo,
Cativa a plebe, as tabas arrombadas;
Levando para além do mar profundo
Nossos filhos e filhas desgraçadas;
Ou, quando os deixem cá no nosso mundo,
Poderemos sofrer, Paiaiás bravos,
Ver filhos, mães e pais feitos escravos?

(...)

XXXIX

Su, valentes; su, bravos companheiros!
Tomai coragem! que será no extremo?
Embora seja um raio verdadeiro,
Senão é Deus que o lança, eu nada temo.
Seja quem quer que for o autor primeiro,
Como não seja o Criador Supremo,
Não há forças criadas que nos domem:
Que sobre tudo o mais domina o homem.

Rate this poem: 

Reviews

No reviews yet.