Modinhas

Foi em manhã de estio
De um prado entre os verdores,
Que eu vi os meus amores
Sozinha a cogitar.


Cheguei-me a ela,
Tremeu de pejo...
Furtei-lhe um beijo,
Pôs-se a chorar.


Eram-lhe aquelas lágrimas
Na face nacarada
Per'las da madrugada
Nas rosas da manhã.


Santificada
Naquele instante,
Não era amante,
Era uma irmã.


Dobrados os joelhos
Os braços lhe estendia,
Nos olhos me luzia
Meu inocente amor.


Domina a virgem
Doce quebranto,
Seca-se o pranto,
Cresce o rubor.


Nestes teus lábios
De rubra cor,
Quando tu ris-te
Sorri-se amor.


Dos lindos olhos,
Tens o fulgor,
Se p'ra mim olhas
Raios de amor.


De teus cabelos
De negra cor,
Forjam cadeias
Brincando amor.


Neles p'ra sempre,
Servo ou senhor,
Viver quisera
Preso de amor.


Rosas que tingem
Fresco rubor
Nas tuas faces
Espalha amor.


Se de minh'alma
Com todo o ardor,
Chego a beijá-las
Morro de amor.
Tua alma é pura
Celeste flor,
Só aquecida
Por sóis de amor.


Já em ternura,
Já em rigor,
Dá vida e morte,
Ambas de amor.


Quando a perturba
Casto pudor,
Encolhe as asas
Tremendo amor.


Se do ciúme
Sente o fulgor,
Em mar de chamas
Se afoga amor.


Se me concedes
Terno favor
Terei por lume
Somente amor.


Porém no templo
Mandarei pôr
O teu retrato
Em vez de amor.


Rate this poem: 

Reviews

No reviews yet.