A Vinganca da Porta

Era um hábito antigo que ele tinha:

Entrar dando com a porta nos batentes.

— Que te fez essa porta? a mulher vinha

E interrogava. Ele cerrando os dentes:

— Nada! traze o jantar! — Mas à noitinha

Calmava-se; feliz, os inocentes

Olhos revê da filha, a cabecinha

Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.


Urna vez, ao tornar à casa, quando

Erguia a aldraba, o coração lhe fala:

Entra mais devagar... — Pára, hesitando...

Nisto nos gonzos range a velha porta,

Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala,

A mulher como doida e a filha morta.

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